☜ Cap. 9 Parte 1. Tratado 5. Cap. 10 Cap. 11 ☞
Da limpeza com que se deve dizer á Semah.
C A P. X.
A Semah requer grande pureza, pello que fe á algum lhe parecer que ferá impossivel dizela toda, e a Hamida, sem fazer alguma ventosidade, melhor he não a dizer, que dizella immundo. E se se lhe passou por esta causa o tempo, dira a tarde duas Hamidot.
2. Se estiver na cam a nú, não pode dizer a Semah, salvo se com o lençol apertar o coração, fazendo huma divisão entre elle, e partes deshonestas. 3. O mesmo fara, se estiver lavando se nù, em agua clara, querendo beber para dizer a benção: mas em aguas turbas, não he isso necessario: contanto que não tenhão roim cheyro que nas taes se não diz benção. 4. Não se pode dizer a Semah, a vista do cabello que deve ter cuberto a mulher cazada, aynda que seja propia mulher: nem à vista de alguma parte de seu corpo que deve ter cuberta. Nem a vista de alguma parte deshonesta, ynda que seja de hum goy, ou dum menino. E não podendo pella estreiteza do lugar afastarte, voltara o rosto para outra banda, e a dira. Etapando os olhos, ou sendo de noyte, nem isto he necessario. 5. E stando dizendo a Semah não se pode ouvir musica de mulher. 6. Se a caso dormião dois numa cama, tocandose hum no outro, não podrão dizer a Semah, saluo se se apartarem com o lençol ao menos dos ombros para baixo. E o mesmo se entende, se estiver com sua mulher: e durmindo com seus filhos piquenos, voltando somentes o rosto, basta: saluo se for o filho de ydade de 13 annos, e a filha de 12, que então sera necessario fazer tão bem com o lençol a dita separação dos corpos. 7. He pecado dizer a Semah a vista de algum escremento descuberto, inda que seja de noite. E se estiver nalguma poça, podra pòr o çapato em fima, como não lhe toque, saluo se alli ouver roim cheiro. 8. Sendo muy pouco o escremento, o podra com cuspo grosso annular, e immediatamente antes que se converta o cuspo na immundicia, dira a Semah. 9. Se a disse em parte donde se podia duvidar se avia alli escremento, ou não, e despois o achou, tornará de novo a dizela: mas não avendo do principio ocazião desta sospeyta, aynda que despois de dita se ache, não tem esta obrigação, E o mesmo hé, se achou orina, ynda que seja em parte donde se podia duvidar, se a avia ally, ou não. 10. Não se pode pello consiguinte dizer, a vista de orina, que esté nalgum vaso, salvo se a annular, botandolhe cantidade ao menos de hum ovo e meyo de agua, a cada vertedura de aguas. Bem entendido, que o tal caso, não he dedicado ao tal serviço: mas o que o he, se estiver sem orina, e for de barro, ou pao, não basta com botarlhe estas aguas. Porem sendo de metal, vidro, ou barro vidrado, e bem lavado, se podra dizer a Semah á vista delle. 11. Se estandoa dizendo, por causa de infirmidade, lhe começarao a cahir algumas gotas de orina, parará ate que cessem. e depois proseguira. E se estas gotas cahirao no chão, se apartara quatro passos, e a acabara: e aynda que se detenha tanto tempo, que se possa dizer toda, não tornará ao principio, mas so adonde parou. 12. Não se pode tãobem dizer donde ouver mao cheiro: pello que se estiver algum escremento detraz, ou a hum lado do que diz a Semah, he necessario que se afaste 4. passos desde donde cessa o dito roym cheyro. Eo mesmo he, se for escremento de algum animal, ou ave, se nelle ouver cheyro roim. Donde se infere, que o escremento das gallinhas que andão pella casa, não impede, e a capoeyra, sy, pello mao cheyro que tem. 13. Hum menino que chegou a idade que ordinariamente pode huma pessoa grande comer cantidade de 4. ovos de alguma cousa, em quanto elle comer cantidade de huma azeytona, se afastarão tãobem de seu escremento, ou ourina, com de huma pessoa grande. 14. Se o escremento estiver muy seco, em tal caso se reputa como se fosse terra, e sera licito dizer a Semah à vista delle, como não aja alli mao cheyro. E a ourina que cahio no chão, em quanto o dito lugar estiver humido, se não podera dizer nelle. 15. Não se pode dizer defronte do lugar que servio em algum tempo para nelle se proverem: mas se tiver suas paredes, e for casa cerrada por sy, então se poderá dizer, sendo que alli não aja roim cheyro. E o mesmo à vista de huma cadeyra ou caixa que se cerra, não tendo debaixo escremento, e não avendo roim cheyro. 16. Não se pode dizer, no banho donde se despem os homens, nem menos em patios, ou prassas immundas, nos quaes aynda o imaginarse em materias de Ley, he illicito. E pello consiguinte se deve o homem afastar de donde ouver aguas fedorentas, e das donde soem ter de remolho linho, ou canhamo, como se fosse escremento. E sendo caso que o homem saiba que tem algum escremento na carne que se cobre com os vestidos, conuem se limpe primeyro: por quanto a Semah se deve de dizer com toda a limpeza e pureza necessaria. 17. E são libres de á dizer, as mulheres, posto que he cousa conviniente que a digão, pello merecimento que com isso alcanção. He tão bem liure, o que está ocupado em algum publico beneficio, e a dira quando puder, se a caso lhe restou algum tempo. 18. Pello consiguinte, he liure de a dizer, o lutoso o primeyro dia qur lhe morreu algum defunto, porquem tem Abelut, saluo se este dia for Sabat, que então tem obrigação de a dizer. E o dia segundo das Pascuas, tem nisto o direito de dia cotidiano. Assi mesmo o que está guardando o corpo, e o que está ocupado em fazer á sepultura. E sendo que aja doys ou mays, se podrão revezar, ficando sempre hum acompanhando o corpo, e os que são necessarios par cavar a sepultura, se ocuparão tão bem em dita Misva em quanto os outros a dizem; os quaes despois acudirão à sepultura, e os outros dirão a Semah. 19. Dentro de quatro passos do corpo morto, ou no Bet ahaim, se não pode dizer a Semah, e quem a disse, não sahio de obrigação. 20. Não levarão á enterrar defunto algum junto a o tempo de dizerse a Semah: porque não seja que passe o tempo, e fiquem por dizela os que o acompanhão, saluo se souberem, qu o enterrarão antes que se passe o tempo. |
A Semah requer grande pureza, pello que fe á algum lhe parecer que ferá impossivel dizela toda, e a Hamida, sem fazer alguma ventosidade, melhor he não a dizer, que dizella immundo. E se se lhe passou por esta causa o tempo, dira a tarde duas Hamidot.
2. Se estiver na cam a nú, não pode dizer a Semah, salvo se com o lençol apertar o coração, fazendo huma divisão entre elle, e partes deshonestas. 3. O mesmo fara, se estiver lavando se nù, em agua clara, querendo beber para dizer a benção: mas em aguas turbas, não he isso necessario: contanto que não tenhão roim cheyro que nas taes se não diz benção. 4. Não se pode dizer a Semah, a vista do cabello que deve ter cuberto a mulher cazada, aynda que seja propia mulher: nem à vista de alguma parte de seu corpo que deve ter cuberta. Nem a vista de alguma parte deshonesta, ynda que seja de hum goy, ou dum menino. E não podendo pella estreiteza do lugar afastarte, voltara o rosto para outra banda, e a dira. Etapando os olhos, ou sendo de noyte, nem isto he necessario. 5. E stando dizendo a Semah não se pode ouvir musica de mulher. 6. Se a caso dormião dois numa cama, tocandose hum no outro, não podrão dizer a Semah, saluo se se apartarem com o lençol ao menos dos ombros para baixo. E o mesmo se entende, se estiver com sua mulher: e durmindo com seus filhos piquenos, voltando somentes o rosto, basta: saluo se for o filho de ydade de 13 annos, e a filha de 12, que então sera necessario fazer tão bem com o lençol a dita separação dos corpos. 7. He pecado dizer a Semah a vista de algum escremento descuberto, inda que seja de noite. E se estiver nalguma poça, podra pòr o çapato em fima, como não lhe toque, saluo se alli ouver roim cheiro. 8. Sendo muy pouco o escremento, o podra com cuspo grosso annular, e immediatamente antes que se converta o cuspo na immundicia, dira a Semah. 9. Se a disse em parte donde se podia duvidar se avia alli escremento, ou não, e despois o achou, tornará de novo a dizela: mas não avendo do principio ocazião desta sospeyta, aynda que despois de dita se ache, não tem esta obrigação, E o mesmo hé, se achou orina, ynda que seja em parte donde se podia duvidar, se a avia ally, ou não. 10. Não se pode pello consiguinte dizer, a vista de orina, que esté nalgum vaso, salvo se a annular, botandolhe cantidade ao menos de hum ovo e meyo de agua, a cada vertedura de aguas. Bem entendido, que o tal caso, não he dedicado ao tal serviço: mas o que o he, se estiver sem orina, e for de barro, ou pao, não basta com botarlhe estas aguas. Porem sendo de metal, vidro, ou barro vidrado, e bem lavado, se podra dizer a Semah á vista delle. 11. Se estandoa dizendo, por causa de infirmidade, lhe começarao a cahir algumas gotas de orina, parará ate que cessem. e depois proseguira. E se estas gotas cahirao no chão, se apartara quatro passos, e a acabara: e aynda que se detenha tanto tempo, que se possa dizer toda, não tornará ao principio, mas so adonde parou. 12. Não se pode tãobem dizer donde ouver mao cheiro: pello que se estiver algum escremento detraz, ou a hum lado do que diz a Semah, he necessario que se afaste 4. passos desde donde cessa o dito roym cheyro. Eo mesmo he, se for escremento de algum animal, ou ave, se nelle ouver cheyro roim. Donde se infere, que o escremento das gallinhas que andão pella casa, não impede, e a capoeyra, sy, pello mao cheyro que tem. 13. Hum menino que chegou a idade que ordinariamente pode huma pessoa grande comer cantidade de 4. ovos de alguma cousa, em quanto elle comer cantidade de huma azeytona, se afastarão tãobem de seu escremento, ou ourina, com de huma pessoa grande. 14. Se o escremento estiver muy seco, em tal caso se reputa como se fosse terra, e sera licito dizer a Semah à vista delle, como não aja alli mao cheyro. E a ourina que cahio no chão, em quanto o dito lugar estiver humido, se não podera dizer nelle. 15. Não se pode dizer defronte do lugar que servio em algum tempo para nelle se proverem: mas se tiver suas paredes, e for casa cerrada por sy, então se poderá dizer, sendo que alli não aja roim cheyro. E o mesmo à vista de huma cadeyra ou caixa que se cerra, não tendo debaixo escremento, e não avendo roim cheyro. 16. Não se pode dizer, no banho donde se despem os homens, nem menos em patios, ou prassas immundas, nos quaes aynda o imaginarse em materias de Ley, he illicito. E pello consiguinte se deve o homem afastar de donde ouver aguas fedorentas, e das donde soem ter de remolho linho, ou canhamo, como se fosse escremento. E sendo caso que o homem saiba que tem algum escremento na carne que se cobre com os vestidos, conuem se limpe primeyro: por quanto a Semah se deve de dizer com toda a limpeza e pureza necessaria. 17. E são libres de á dizer, as mulheres, posto que he cousa conviniente que a digão, pello merecimento que com isso alcanção. He tão bem liure, o que está ocupado em algum publico beneficio, e a dira quando puder, se a caso lhe restou algum tempo. 18. Pello consiguinte, he liure de a dizer, o lutoso o primeyro dia qur lhe morreu algum defunto, porquem tem Abelut, saluo se este dia for Sabat, que então tem obrigação de a dizer. E o dia segundo das Pascuas, tem nisto o direito de dia cotidiano. Assi mesmo o que está guardando o corpo, e o que está ocupado em fazer á sepultura. E sendo que aja doys ou mays, se podrão revezar, ficando sempre hum acompanhando o corpo, e os que são necessarios par cavar a sepultura, se ocuparão tão bem em dita Misva em quanto os outros a dizem; os quaes despois acudirão à sepultura, e os outros dirão a Semah. 19. Dentro de quatro passos do corpo morto, ou no Bet ahaim, se não pode dizer a Semah, e quem a disse, não sahio de obrigação. 20. Não levarão á enterrar defunto algum junto a o tempo de dizerse a Semah: porque não seja que passe o tempo, e fiquem por dizela os que o acompanhão, saluo se souberem, qu o enterrarão antes que se passe o tempo. |